Há canções que nascem de alegrias e celebrações. Outras, como No Fundo e na Luz, nascem do silêncio mais pesado e da travessia mais difícil: a depressão profunda da pessoa que mais amamos.
Antes mesmo de o amor começar, já havia marcas invisíveis, feridas antigas que o tempo não tinha curado. Quando a escuridão voltou, voltou com força — após perdas, problemas de saúde, efeitos colaterais de medicamentos e a exigência constante da vida. Foram dois anos intensos, onde cada lágrima parecia um grito mudo.
Foi nesse lugar que a música começou a nascer. A letra reflete a impotência de quem ama e não pode curar, mas que escolhe ficar. É a voz que diz: “mesmo sem força para te levantar, eu permaneço aqui, porto seguro, até que a luz volte”.
Musicalmente, a canção veste-se de rock emocional: guitarras elétricas, cordas subtis e texturas que criam um ambiente de caos contido, onde a dor e a esperança coexistem. A voz masculina, madura e vulnerável, carrega cada verso como um testemunho real, sem disfarces.
No Fundo e na Luz é, acima de tudo, uma homenagem à coragem de atravessar a noite mais escura. Um tributo ao amor silencioso que não abandona, mesmo quando não pode salvar.
É uma canção sobre não desistir.
Sobre ser porto seguro.
Sobre acreditar que, mesmo no fundo, a luz há de voltar.
No final, No Fundo e na Luz não é apenas uma canção — é um testemunho vivo de que o amor verdadeiro permanece, mesmo quando tudo parece ruir. É a lembrança de que, na vulnerabilidade e no silêncio, pode nascer a maior força: a de não desistir de quem se ama.